Belém, 9 de Outubro de 2011, Cirio de Nazaré. No ar, cheiros da terra, cheiro da paz,
de uma inexplicável e tocante emoção, resignação
e fé.
Nossa Senhora de Nazaré
Lá estava ela, Nossa Senhora de Nazaré, Nazinha,
como Fafá de Belém e muitos Paraenses intimamente e carinhosamente a chamam,
nos braços do seu povo, sendo levada e mostrada para os quatros cantos.
A emoção de Fafá de Belém
Uma
pintura, um cenário de emoção misturado à minha perplexidade e às incontidas
lágrimas que não paravam de descer sobre meu rosto. Jamais vi tanta
demonstração de fé. Lembrava da minha mãezinha a todo momento. Imaginava que aos
seus 80 anos e pelo menos 70 de um
catolicismo fervoroso, ela não tinha tido a oportunidade de ver tamanho
espetáculo. Mas ano que vemmm......e com essa foto abaixo, ela vem com certeza. Para voce Mãe.
Com o Padre Fábio de Melo
E é aqui, ainda sobre
forte contágio emocional desse final de semana em Belém do Pará, que quero abordar
uma das mais intrigantes e generosas cozinhas do nosso Brasil, onde respiramos
fé , mato, rio, vida e fartura.
Mercado Ver o Peso. Deleite total. O que vi?
Pimentas
Jambu
Pupunha
Uma
mistura de cores, sabores, aromas, texturas e especialmente exoticidade. O açaí, a pupunha, a versatilidade do tucupi, um poderoso veneno extraído da mandioca que,
com uma boa fervura, transforma-se em delicioso e inocente tempero que tambem se faz protagonista no tacacá e
sendo um escudeiro do pato, numa combinação surpreendente e deliciosa e
moldurada pelo contrastante jambú, do lendário pirarucu em grossas mantas
expostos como exemplificação da fartura que esse bio-sistema (rio-floresta)
oferecem.
Pirarucu e Gurijuba salgados
O delicado e tenro filhote (a Piraiba que ganha esse nome após atingir
20 kg). Um peixe realmente
especial. Tive o prazer de comê-lo no Restaurante Remanso do Peixe, do chef Tiago Castanho de apenas 23 anos e que já desponta como uma nova revelação da gastronomia
paraense.
Moqueca Paraense com Filhote....
...não resisti e montei meu prato.
Mas minha emoção maior
estaria por acontecer. Iríamos almoçar no Lá em Casa da Casa Cor. Confesso que
fiquei um pouco decepcionado no início, pois o Lá em Casa original era o
principal reduto gastronômico que eu pretendia conhecer. A casa do Chef Paulo
Martins, que nos deixou para ajudar nos banquetes do céu. Porém, estávamos em
grupo e sendo guiados com uma programação da nossa anfitriã, a querida Fafá de
Belém....
Fafá nos recebendo. Uma querida!!
.....acompanhado por um divertido grupo de convidados ..
Emilia e Marcio, Raí, Beth Coelho, Mauricio e Cris, Marcelo Rosenbaum, Ivald Granato (figuraça) e Laís, Izaac Edington, Sergio Dantino e André Dias.
..e pela competente turma da agência Tudo na figura de Maurício
Magalhães e da minha Lôra, Virna,
Virna, Mauricio eu e Izaac assistindo a procissão marítima..outra emoção
que me proporcionaram além da realização desse sonho, o reencontro com um amigo de infância, Isaac Edington.
Bem, para meu deleite e surpresa, entramos na Casa Cor (aberta somente para o grupo chic hein!) e nos deparamos com uma ambiente em homenagem ao Chef Paulo Martins. Eu fiquei parado, imóvel durante um tempo e observando as imagens dele nas paredes, as dedicatórias de Claude Troigros, Alex Atala e outros.
Bem, para meu deleite e surpresa, entramos na Casa Cor (aberta somente para o grupo chic hein!) e nos deparamos com uma ambiente em homenagem ao Chef Paulo Martins. Eu fiquei parado, imóvel durante um tempo e observando as imagens dele nas paredes, as dedicatórias de Claude Troigros, Alex Atala e outros.
A Chef pilotando...
......sem comentários!
Um maravilhoso buffet montado pela nova comandante do restaurante,
Daniela Martins, que não cansava de repetir que estava ali somente dando
sequência ao trabalho do seu inesquecível pai. E tome emoção!! A humildade de
Daniela, reverenciando o legado deixado por esse que sem dúvida, foi um dos
maiores chefs e entusiastas da
gastronomia do Norte e do Brasil.
Eu com a Chef Daniela Martins e ao fundo seu pai Paulo Martins
Estavam lá todas as suas
obras com seus toques sutis. O pato no tucupi, com uma textura que com certeza
passou por uma confitagem, do mussuã paraense de músculo bovino, do tambaqui e
o famoso arroz de jambu. Li num jogo americano do restaurante que o prato nasceu da falta de brócolis para um simples e básico arroz com a hortaliça. Na
hora de servir o prato, o talento e sensibilidade de Paulo Martins optaram pelo
que tinha a mão e o arroz de jambu, virou um dos carros chefes da casa.
Era muita alegria, não
apenas comer maravilhosamente bem, mas poder conhecer Daniela dando
prosseguimento ao trabalho desse talento da gastronomia brasileira, vendo uma
homenagem sendo prestada de forma simples que poderia ser ampliada e divulgada
para alguns estados do Brasil, principalmente o eixo Rio / São Paulo, onde
Paulo contribuiu para a divulgação da cozinha exótica brasileira, hoje
reverenciada pelo mundo afora.
BENDITO O FRUTO DO VOSSO VENTRE, BELÉM !!!
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